sábado, 26 de março de 2011

Olha...Simone...disseram que gostavam de nós!!! :) Que achas? Terá sido mera simpatia ou as meninas voltarão mesmo? :)

sábado, 12 de março de 2011

O Namoro de Hoje em Dia

Namora-se ao luar, às vezes ao relento!
Namora-se de noite e, quando se pode e se deseja, de dia...
Namora-se de manhã, à tarde e ao meio-dia!
Namora-se a fingir, a sério, ora depressa, ora mais lento...
Namora-se! Enamora-se e...

Quando calha, o namoro dura...,
Com entusiasmo,
Às vezes com ternura!
E se este falha e prevalece o marasmo
Até se inventa a "gralha"
De um dia que o valha
Pra parecer que perdura.
Que loucura!!!

                                                                                                                                                Saulo

segunda-feira, 7 de março de 2011

O Sonho do Celta


    A história narra a vida extraordinária de Roger Casement, cônsul britânico no Congo belga e na Amazónia peruana, nos séculos XIX e XX. Acérrimo defensor dos direitos humanos, viveu uma vida cheia de aventuras, ousadias e sonhos. Com tenacidade, este nacionalista irlandês lutou pela libertação do seu país e foi, por isso, perseguido e condenado à morte. Difamado por causa da suposta traição por se ter aliado aos alemães e por causa da sua orientação sexual, só recentemente foi reconhecido como um herói.

    Antes d' O Sonho do Celta, só tinha lido A Tia Júlia e o Escrevedor, Travessuras da Menina Má e Pantaleão e as Visitadoras. Roger Casement pode não parecer uma personagem tão extravagante como as das outras obras - talvez por Vargas Llosa ter pretendido manter um certo distanciamento dela para mostrar imparcialidade no tratamento da mesma -, mas é, sem dúvida, um exemplo perfeito de um homem diferente do comum, simples, sem ser banal, complexo, sem ser incompreensível, dotado de uma consciência humana, política, social e afectiva que o tornaram num ser raro.

                                  Nenhum homem é completamente bom ... nenhum homem é completamente mau!

                                                                                                                                                  Simone

domingo, 6 de março de 2011

O Inverno da Vida


A pequena vila não passava de uma estrada relativamente estreita que serpenteava pela serra acima, recortada por cerca de meia dúzia de ruelas à direita de quem a subia.
Ao chegarem à pequena praça da Câmara Municipal, estacionaram o carro e saíram para fruírem do tímido sol de inverno que tão bem sabia depois de um longuíssimo mês de chuvas intensas e nuvens negras.
Atravessaram o pequeno jardim, atapetado por calçada portuguesa e alguns canteiros de relva verde e bem aparada, passando por alguns bancos de madeira e árvores recentemente podadas, até chegarem ao gradeamento que protegia a praça do precipício da serra que, ali, descia em escarpa ainda húmida das últimas chuvas. Sentaram-se nos bancos individuais de pedra que cortavam as grades de ferro a apreciarem a paisagem. Um deslumbramento! O rio corria, em baixo, separando a estrada estreitíssima do lado de cá da pequena praia fluvial do lado de lá. A língua de areia dava rapidamente lugar à serra que subia sinuosa e íngreme até se perder de vista.
O velho surgiu de um dos cantos do jardim, junto à pastelaria, privilegiadamente situada mesmo junto à ravina. Andava na direcção delas e ali parou, procurando conversa.
- Então vieram dar uma voltinha. Não são de cá.
Francisca, pouco dada a conversas com estranhos, ofereceu ao homem um sorriso amarelo, desencorajador. Mas, Clara retorquiu imediatamente:
- Não, não somos de cá. Viemos passear e apanhar sol.
O homem aproveitou a abertura e por ali ficou à conversa. Era alto e bem constituído. Apesar da idade avançada e da bengala em que se apoiava, mantinha uma postura direita e um olhar directo, sem constrangimento nem arrogância. Contou uma ou duas anedotas, declamou uns versos populares sobre a vila e, depois de uma brincadeira sobre o cemitério que se avistava do outro lado, aconselhou-as a visitarem o Penedo de Castro.
- Só falta a neve para aqui termos as montanhas da Suíça. 
Estranharam que um homem claramente nascido naquele lugar soubesse alguma coisa sobre as montanhas da Suíça.
- Fui camionista de longo curso, durante muitos anos, conheço a Europa quase toda.
E assim lhes foi falando da vida preenchida que levara. Viagens, mulheres, negócios … Ouviam-no estupefactas. Não sendo literato, o homem era um excelente conversador, tinha um discurso fluente e conhecia o mundo.
Ainda lhes falou sobre a sua juventude, quando trabalhava na cidade a uns escassos vinte quilómetros da vila. Puseram-se a imaginar como seria a viagem, feita de bicicleta, em pleno Inverno, por uma estrada em condições péssimas. Contou-lhes, orgulhoso, como tinha salvo, uma vez, a vida a um conterrâneo que sofrera um acidente, junto ao rio. Uma época em que a morte ainda era uma tragédia e em que poucos morriam sozinhos.
A conversa foi esmorecendo e as duas mulheres despediram-se. Uma pequena volta de carro até fora da vila e, ao retornarem pelo mesmo caminho, voltaram a ver o velho que descia a estrada, ainda perto da praça onde o tinham deixado.
Clara ficou a vê-lo pelo espelho retrovisor. Quando o homem desapareceu, uma sensação estranha a invadiu. A lembrança daquele homem, agora velho e sozinho, mas outrora cheio de vida, juventude e força acompanhá-la-ia durante toda a viagem. Seria assim também com ela? Chegaria um tempo em que ninguém reconheceria nela a mulher de agora? Também ela viveria um dia apenas de lembranças? Apertou-se-lhe o coração ao pensar como seria o Inverno da sua própria vida …
                               

                                                                                                                                                                                   Simone